Deus é tão BOM pra mim!
Quantos presentes ele me dá...
Um dos presentes que ele me deu eu ganhei no dia 31 de Outubro de 1989.
A primogênita da casa e até então a "filha única" perdeu a prioridade na família (já tinha perdido quando o Isakinho nasceu, meu primo)... mas agora era pra valer. Perdi o reinado com quase seis anos de idade e o quarto que era só meu. Comecei a sentir a dor da perda no dia que mamãe saiu para o parto, em Volta Redonda e não quis me levar com ela. Puxa! Que desolação. Com muito custo e demora ele nasceu. Sim, nasceu depois da hora prevista. Minha mãe teve problemas com a anestesia e a demora pra ele nascer, fez com que perdesse a oxigenação e se enrolasse no cordão umbilical, nascendo todo "roxinho". Por um milagre ele não morreu. Deus já havia traçado seu destino de vida e vitórias. Seu primeiro bercinho foi a encubadoura. Doce encubadoura... Destino dos bebês que nascem sem saúde, precisando de cuidados especiais.
Puxa! Minha mãe estava demorando a voltar! Pensava a menininha... Tá demorando em voltar pra casa e trazer nas mãos o peso na barriga que a fez engordar mais de 20 kgs! Eu ia ganhar um irmão. E foram me buscar em casa para que eu visitasse minha mãe e o bebê, doentinho, no hospital. Quando cheguei, logo fui correndo para o quarto, queria ver minha mãe. Minha mãe. Mas quando cheguei... Não a vi somente. Lá estava ele, todo enroladinho, mas enroladinho de verdade numa manta, e ele era carequinha. Bem carequinha. Com uma marquinha vermelha na testa. Grande, gordinho... Um bonequinho lindo! Que delícia. O bonequinho responsável em tirar a minha prioridade a da minha própria casa. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!
Mas logo tudo ficou bem, voltamos felizes e alegres para o lar, doce lar.
E ele foi crescendo, espertinho que só ele. Chorão, emotivo e com um "doce" problema na língua. Sim, a linguinha presa pra falar o "s", rs. Era mais evidente ao cantar... "quantas vezes, quisestes então mudar teu pensar, teu modo de agir..." Evidentes eram as lágrimas que ele não conseguia conter. Ele já tinha a arte em si. Era artista e chorava ao expressar-se com os dons que Deus já o havia confiado. Reger a mocidade com o papai era normal. Todo domingo, levanta-se no colo da mamãe, esticava os bracinhos e copiava o papai. A referência era o pai, ele queria ser como o pai.
Mas eu tive um grande momento de raiva do meu chorão preferido. Eu tinha um piano, da hering, lindo, rs. Sim, ele era lindo. Um piano pequeno, de madeira e tinha até um banquinho. Ah, como eu tinha cuidado com o meu piano. E ele insistia em abrir a tampa e tocar. Mas tocava com força e gostava de desmontar as teclas. Ele tinha um "chamado" para mexer nas coisas de forma diferente. Tudo ele queria entender como funcionava. E assim foi com meu pianinho, doce pianinho, que mais tarde veio a ser a sua paixão. Perdi o reinado mais uma vez. Minhas aulas de piano, durante quase oito anos no conservatório, serviram apenas para minhas lembranças e formações harmônicas da minha cultura musical. Meu teclado ganhou um novo dono. Ele agora tocava, sobrenaturalmente, mais do que eu. Sim, meu irmão menor era agora o pianista da família! Ah, sem problemas, eu sabia que teria exclusividade pra sempre com ele. Sabia que ganharia um pianista exclusivo e que compreenderia mais que ninguém a minha musicalidade.
Não conformado em apenas tocar, ele queria agora escrever. E compôs sua primeira música. Claro, era uma música para ser executada no piano. Não me lembro o nome, mas lembro que não foi escrita a próprio punho. Ele já usava a tecnologia ao seu favor. Era uma partitura feita no computador! Que menino prodígio. Gostava de inventar, fazia invenções... desmontava as coisas e reinventava meios para melhorar a praticidade do nosso dia-a-dia (tia Milaide que o diga, né Dexter?) Tá que não eram coisas muito usuais, mas ok, que visão que ele tinha da vida, gente? Jogar vídeo-game, estudar, ir pras aulas inglês, música, igreja... E nada mais. Um menino, sempre um menino. Nunca jogou bola ou brincou na rua. Sempre dentro de casa, cheirando a lavanda Johnson e pedindo cafuné na cabeça e que coçasse as costas...
Voltemos a partitura do piano. Que nada... Ele queria escrever mais agora. Agora já sabia mexer no programa (me esqueci o nome, mas antecedeu ao Sibelius, rs) e outra Elaine, surgiu na vida dele. Dessa vez foi a Elaine de Jesus. Visitando nossa igreja e ela conversando conosco (pai e mãe) e com ele, que acabou contando que escrevia cifras, o contratou para escrever as cifras do seu cd para o seu site. Ah... sim, ela o contratou porque queria pagar pelos seus serviços! E pagou. Pagou um bom dinheirinho na época e ele, esperto não rejeitou. Ele devia ter uns onze anos na época, era um menino. E papai, que sempre comprava arranjos pra mocidade, percebeu que teria um arranjador em casa. Quanta comodidade! Eu, um pianista, papai, um arranjador! Uau... O ladrão da minha proridade poderia ser útil, hum, até que não foi tão ruim assim dividir o quarto. Sim, o arranjo... "Deus dos deuses", essa foi a música. Lindo, lindo... arranjo que até hoje é executado na igreja pela orquestra, ele escreveu pra todos os naipes, inclusive pras cordas. E ele era um menino! E ele tinha uns catorze anos, não mais que isso. Daí pra frente, aprender a programar no seu Fantom foi só um detalhe... E eu, percebi que ministerialmente, o presente que havia ganhado havia se tornado essencial na minha vida. Ministrar com ele ao teclado era prazeroso, ele esticava as canções e me mostrava que poderia, com liberdade, sem play back, ministrar espontaneamente nas minhas apresentações. O prazer que ele tinha em levar seu teclado, sempre pesado e maior do que ele era visível e ele não precisava mais ser conhecido como o irmão da Elaine Castro, ou filho do Pr. Eli Viléla. Ele já tinha identidade, ele já tinha seus próprios méritos. Ele era o Jônatas Castro, ou melhor, Jojô.
Conhecer grandes nomes da música gospel, tocar com eles, no furo do tecladista, passou a ser comum. Uau, ministrar ao lado do Bispo Bené Gomes, e ele era só um menino. Quantas oportunidades Deus o deu para estar ao lado de príncipes e assentar com eles na mesa do rei. Sim, ele era príncipe também. Um doce príncipe, menino príncipe.
Ele foi crescendo, desenvolvendo. Suas referências, que são bem similares a minha, o fez crescer como músico, arranjador, compositor (podemos dizer que estamos numa fase rock and roll, rs, já passamos por tantas, mas sinceramente, enxergo essa como a melhor, a mais plena, a mais rica, a mais abundante em Deus). Hoje não consigo mais dar vida as minhas canções sem que ele esteja ao meu lado. Difícil é conciliar nossas agendas. Ele não mora mais em casa. Está estudando, fazendo faculdade. Não é mais um menino. O menino passou para quatro universidades federais. Estudou, se consagrou, fez um propósito com Deus, que atendeu as suas orações. UFF, UERJ, UFRJ e UFJF. E nesta última ele cursa Ciências da Computação, está no segundo período e residindo em Juiz de Fora-MG.
Mas Deus, que tem propósito nos nossos encontros, sempre prepara um jeitinho de nos unir, sempre para que mais uma pérola nasça para o seu louvor. São algumas canções embaladas pela nossa arte e por nossos corações adoradores desejosos pela presença de Deus. Motivo de alegria para nós é poder saber, que com nossos talentos, podemos alcançar o coração do Pai. Tocar seu coração, chamar a Sua atenção, mostrar ao mundo que dois jovens separados dos prazeres carnais e vivendo desde crianças o sonho Dele, podem ser felizes na mais pura essência da vida é sempre um desafio. Mas que aceitamos, sempre monitorados pelos responsáveis da nossa existência, papai e mamãe. Um desafio que tentamos vencer a cada dia da nossa existência.
Temos nossos quartos separados. Eu o meu e ele o dele. Não precisamos mais dividir um e isso é uma benção, mas usamos o dele para criar as canções (claro, todos os equipamentos, teclados, laptop... estão no dele, eu só fico olhando e pensando, como pode, meu irmão conseguir fazer tudo isso, assim, Deus o ensinou!). Isso é um milagre, porque ele tem habilidades profissionais e está gerando comigo meu novo cd, fazendo as pré-produções e dando forma as canções com arranjos lindos, modernos, sensíveis, espirituais e ungidos.
Não é muito difícil imaginar o futuro dele, meu irmão. Seu amor e paixão pela arte, dom de Deus, o faz ser grande, o engrandece. Mas seu eterno jeito de menino o atrai para a presença de Deus, como criança, pedindo a mão do pai para atravessar a rua.
Minha música não existe sem a sua, Jojô, meu doce irmão. Se eu sinto saudades de você, imagine Jesus, que deve ficar desesperado quando o atrai pra Ele e por algum motivo não o encontra. Sua vida é um mistério. Seu talento e dons naturais, foram dados e aperfeiçados em Deus para alcançar as nações. Seu futuro depende de você, das suas decisões, porque Deus o escolheu para uma grande obra e marcar nossa geração e as outras que virão.
Amo você, meu irmão... Doce irmão. Amado por mim, pelo meu pai, pela minha mãe e por Jesus (e pela Sara também...rs).
Eu, papai (Pr Eli) e mamãe (Laureci)
31/10 - aniversário de 19 anos do meu irmão eu, atrasadamente, fiz essa homenagem pra ele...rs.